domingo, 1 de maio de 2011

Clarice Lispector

Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.

Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.

Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... continuarei a escrever

Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.

Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.

Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.

Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária.

O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?

..nada jamais fora tão acordado como seu corpo sem transpiração e seus olhos-diamantes,
e de vibração parada.
E o Deus? Não.
Nem mesmo a angustia. O peito vazio, sem contração. Não havia grito.

Sinto a falta dele
como se me faltasse um dente na frente:
excrucitante